Lolita

(Publicado em Damas de Copas) 

Santander é criticado por mostra contendo apologia a pedofilia. Garota toca homem nu em mostra do MAM. Tudo isso faz a pedofilia existente no nosso país parecer algo menos demoníaco, quase artístico (se é que isso é possível…)

Em meio a tantas notícias horrendas envolvendo o tema, decidi mergulhar na obra que trouxe o conceito à arte (se é que isso é possível – parte 2….) e trago um livro imprescindível e BASTANTE polêmico: Lolita, de Vladimir Nabokov.

O livro narra o amor obsessivo do professor europeu de meia idade Humbert Humbert, por Dolores Haze, mais conhecida como Lolita, uma garota de apenas doze anos de idade. Nojento? Muito. A menina nos é apresentada do ponto de vista do homem de meia idade, desnorteado e cego de amor. Para nós leitores, Lolita é apenas uma menina magricela, mal-educada e rebelde de doze anos. Mas aos olhos do protagonista, ela é endeusada.

Apesar do sexo estar no cerne da história, Lolita não é, de maneira alguma, um livro erótico.

Na verdade, o impacto psicológico que o desejo que o Humbert tem por Lolita é mais importante e perturbador do que a consumação desse desejo. O erotismo da narrativa é apenas um elemento para embasar a ironia e sarcasmo que estão presentes em toda a obra – como se o próprio autor estivesse caçoando do narrador.

Em muitos momentos da narrativa confesso que quase parei a leitura, tamanho asco da temática. Mas as descrições e o jeito de narrar a história de Nabokov, que mescla o estilo magnífico de seus antecessores russos com o moderno mundo americano, torna-a uma obra única.

Um livro que levou anos para ser publicado, e foi renegado por muitos países até se tornar o que é hoje um dos mais importantes romances do século XX. Apesar das ressalvas, recomendo muito.

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